segunda-feira, 12 de março de 2018

Modelo Apple

http://www.rafaelhoffmann.com/textos/texto_controle_absoluto.html

Controle Absoluto, a gestão na Apple
Por mais que leiamos em tópicos de gestão sobre como o cliente sempre tem razão, que trabalhar em equipe produz os resultados mais criativos, que abertura e transparência são as melhores políticas, ao olhar para o sucesso da Apple pode-se perceber que as técnicas de gestão mais eficazes, muitas vezes, contrariam o senso comum. Para Leander Kahney, escritor especializado em assuntos relacionados à Apple, nenhuma outra empresa tem se revelado tão hábil em dar aos clientes o que eles querem antes mesmo de saberem que querem. Sem dúvida, isto acontece devido à visão criativa de Steve Jobs, o fundador e ex-CEO da Apple, mas também às suas práticas de gestão. Durante sua administração, a inovação era produto de um intenso e visceral processo, onde, normalmente, os sentimentos das pessoas eram irrelevantes e a palavra de Jobs lei.


Steve Jobs apresentando um iPhone 4 durante a Apple Worldwide Developers Conference em 2010.
Steve Jobs apresentando um iPhone 4 durante a Apple Worldwide Developers Conference em 2010.

Antes que Jobs voltasse ao comando da Apple, depois de ser afastado do cargo de CEO em 1985, a empresa era como a maioria das empresas "descoladas" de tecnologia, os funcionários não tinham horário fixo, chegavam tarde e saíam cedo. Batiam papo no pátio gramado central, jogando bola ou atirando frisbees para seus cães. Porém, nesse período, a empresa entrou em decadência, chegando a perder 1 bilhão de dólares em um ano, e vendo os valores das ações despencarem mesmo em um momento em que a bolha tecnológica levava o valor de outras ações às alturas. Quando voltou, Jobs impôs novas e rigorosas regras. Os funcionários passaram a ser proibidos de fumar ou levar seus cachorros, a companhia voltou a ter um sentimento de urgência e operacionalidade e instalou-se a filosofia do controle completo e absoluto sobre toda a experiência de seu produto, de como era projetado, fabricado, utilizado e até como era vendido.

Esse controle pode ser exemplificado pela limitação de instalar novos aplicativos no iPhone, a série de restrições aos formatos aceitos pelo iPod, a impossibilidade de licenciamento do sistema operacional do Macintosh para outros fabricantes e até mesmo na arquitetura das lojas da Apple. Em uma indústria tecnológica focada no consumidor, para Jobs, eram os produtos que importavam. Essa abordagem de manter controle absoluto sobre hardware, software e serviços não é comum em uma indústria dominada por hackers, engenheiros e pessoas que gostam de personalizar seus produtos de tecnologia.Mas Jobs odiava ceder o controle de qualquer coisa, especialmente quando isso pudesse afetar a experiência do usuário, como a possibilidade de aplicativos ou conteúdos não aprovados "poluírem a perfeição" de um aparelho da Apple. Na biografia escrita por Walter Isaacson, lançada em 2011, ele explica que acreditava que dessa forma estava prestando um serviço às pessoas "Fazemos essas coisas não porque somos fanáticos por controle. Fazemos porque queremos fabricar grandes produtos, porque damos valor ao usuário, porque gostamos de assumir a responsabilidade pela experiência completa, em vez de produzir porcarias como as que outras pessoas fabricam", explicou.

Kahney acredita que a propensão de Jobs a controlar todo o processo gerou bons negócios para a Apple nos últimos tempos, além de ser boa para o projeto e o design de eletrônicos de fácil uso para os consumidores. O controle rígido do hardware e do software gerou reflexos na facilidade de uso, segurança e confiabilidade. Ele e a Apple se tornaram exemplos de uma estratégia digital que integrava solidamente o hardware, o software e o conteúdo em uma unidade indissociável. Mesmo assim a estratégia não deve ser vista como questão de princípios puramente altruístas ou como modelo de gestão para todas as empresas. Primeiro ela levantou controvérsias principalmente quanto ao controle rígido sobre os aplicativos que poderiam ser baixados para o iPhone e o iPad. Mesmo que fizesse sentido tentar evitar aplicativos que contivessem vírus, que violassem a privacidade do usuário ou que não mantivessem o padrão de qualidade da Apple, Jobs e sua equipe foram além e decidiram proibir qualquer aplicativo que difamasse pessoas, tivesse potencial político explosivo ou fosse considerado pornográfico pelos censores da Apple. Para Isaacson, com Jobs controlando os aplicativos que veríamos e leríamos, ele corria o risco de se tornar o Big Brother que ele mesmo tinha destruído no famoso anúncio "1984", do Macintosh.


Anúncio do Macintosh exibido durante os comerciais do Super Bowl XVIII, em 22 de janeiro de 1984.


Por fim, analistas acreditam que esse sistema de controle rígido só funciona porque está limitado a um número pequeno de projetos. Os produtos podem ser acompanhados em tempo integral, do berço ao balcão, por uma equipe pequena e dedicada de desenvolvedores. Esse modelo provavelmente não se ajustaria em empresas como Samsung e Sony, compelidas a inovar em uma gama muito mais ampla de produtos. Ou como o Google, onde se tem a convicção de que um sistema aberto é a melhor abordagem, porque leva a mais opções, a mais concorrência e a mais escolhas para o consumidor.


A era pós-Jobs

Jobs foi obrigado a ceder o controle da empresa que havia construído em agosto de 2011 devido a um câncer de pâncreas e morreria em outubro do mesmo ano. Foi substituído por Tim Cook, um executivo que havia entrado na empresa em 1998 e desde então vinha se destacando e subindo de cargo. Cook, ao contrário do áspero e explosivo Jobs, tem uma personalidade centrada e fala mansa e tem hoje a obrigação de manter a empresa no topo, com seu perfil inovador e clientes fiéis. Mesmo tendo uma gestão vista como mais simpática, recentemente o próprio conselho administrativo da Apple declarou preocupação com o quesito inovação da empresa, exigindo também que Tim Cook acelere esse processo. Por outro lado, a Reuters publicou recentemente uma matéria dizendo que Cook lidera uma revolução cultural silenciosa na Apple, apontando que a empresa tem se tornado algo completamente diferente: "uma gigante corporativa madura ao invés de uma pioneira na indústria".


Tim Cook, CEO da Apple a partir de 2011.
Tim Cook, CEO da Apple a partir de 2011.

Se Cook vai conseguir remodelar com sucesso a cultura construída por Jobs e mesmo assim manter a Apple como uma das empresas mais influentes da atualidade só o tempo irá dizer.


Rafael Hoffmann (Maio/2014)
Publicado originalmente na revista Liderança Empresarial - Ano 2014 - Nº 41

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Referências

KAHNEY, Leander. How Apple Got Everything Right By Doing Everything Wrong. Disponível em <http://www.wired.co.uk/magazine/archive/2011/12/features/how-apple-got-everything-right>. Acesso em: 22 abr. 2014.
MARTINS, Ivan. Por dentro da Apple. Disponível em <http://epocanegocios.globo.com/Revista/Epocanegocios/0,,EDG76676-8374-1,00.html>. Acesso em: 22 abr. 2014.
KAHNEY, Leander. A Cabeça de Steve Jobs: As Lições do líder da empresa mais revolucionária do mundo. Rio de Janeiro: Agir, 2008.
ISAACSON, Walter. Steve Jobs: A Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.



http://gustavocouto.com.br/as-10-licoes-de-gestao-de-marca-da-apple/

As 10 lições de gestão de marca da Apple
Em muitos aspectos, a marca de sua empresa não é diferente da Apple. Uma marca deve abranger tudo: o que o público sabe e pensa sobre a sua empresa, incluindo o nível de serviço ao cliente, a sua reputação, como você se comunica com os clientes, e sua identidade.

Seu design do logotipo, site, layout de seu ambiente, a forma como seus empregados abordam clientes e até mesmo o uniforme de seus empregados são fundamentais para a construção da identidade de sua marca.

Ter uma marca de sucesso significa ter todos esse pontos em sintonia, trabalhando juntos para criar uma identidade coesa, positiva, interessante e útil nas mentes de seus clientes. Sem uma identidade de marca forte e clara, mesmo as empresas com grandes produtos e excelentes serviços ao cliente não atingirão o sucesso.

Uma boa marca produz inúmeros benefícios. Ela ajuda você a conquistar novos clientes e solidificar sua identidade com os atuais, inspira seus funcionários, aumenta seu reconhecimento corporativo e constrói valor financeiro.

Identificar as qualidades de uma marca de sucesso na Apple é muito fácil. Por isso, mesmo pequenas empresas podem aprender muitas das estratégias da Apple para construir uma marca poderosa.

Para isso, vamos observar 10 lições da Apple para que você aplique em seu negócio:



1. Alavancar a emoção para construir a identidade da marca.

Steve Jobs disse uma vez que “A chance de ser memorável é a essência da gestão de marca.” Uma marca envolve emoções, não apenas a razão, e baseia-se nessa conexão para criar uma identidade memorável. A marca alcança o sucesso quando remete uma experiência emocional positiva aos seus consumidores. Os clientes são muito mais propensos a se lembrarem – e comprarem – produtos e serviços que os fazem se sentirem bem.

A Apple fez isso em meados da década de 1990. A popularidade da empresa havia diminuído, o seu reconhecimento era baixo e sua reputação não era das melhores. Sob a liderança de Steve Jobs, a Apple lançou uma campanha publicitária que contou com pessoas que são verdadeiros heróis – vivos e falecidos – cuja paixão e convicções tinham alterado o mundo de uma forma significativa. Os heróis evocaram uma resposta emocional nos espectadores, e os anúncios deixaram claro que a Apple era uma empresa apaixonada pela inovação como ferramenta para transformar o mundo.


2. Saiba quem você é.
É difícil estabelecer uma identidade de marca, se não souber qual o seu propósito. Steve Jobs disse que a marca da Apple abordou a questão do “O que estamos fazendo aqui?” A resposta a essa pergunta é informada não só em ações de marketing da empresa e publicidade, mas todos os aspectos da sua cultura corporativa e suas interações com os consumidores.
Qual é a missão da sua empresa? Você deve primeiro definir o que sua empresa quer ser, para si, e então encontrar maneiras de se comunicar de forma clara e consistente sua identidade para os consumidores. Defina sua história e use ferramentas de marketing para compartilhar sua história com os consumidores.


3. A consistência é a chave.
É preciso que sua identidade visual seja vista e reconhecida pelas pessoas. A alteração frequente de seu design pode prejudicar a compreensão dos consumidores em relação a quem você é como uma empresa.
A Apple, por exemplo, coloca consistentemente uma minúscula letra “i” em seus produtos, como o iPhone, iPad, iPod e iWatch. Esta aplicação consistente é um componente-chave da marca que garante que os clientes possam facilmente identificar um novo produto como vindo da Apple, mesmo que não tenha ouvido falar tudo sobre ele.


4. Diferencie-se com fatos reais.
Se você possui um pequeno negócio, você pode ser tentado a se diferenciar por praticar preços inferiores aos dos seus concorrentes. Mas essa abordagem não é escolha mais sustentável a longo prazo.
Ao invés disso, diferencie-se como a Apple: através da inovação, qualidade superior no atendimento ao cliente e campanhas de publicidade que envolvem as emoções dos consumidores. O sucesso da Apple nos mostra que as pessoas estão dispostas a pagar pagar um alto preço por produtos e serviços que são verdadeiramente diferenciados. Isso significa que você deve cobrar um preço justo por seu produto ou serviço e que deve dar motivos para que seus clientes paguem com satisfação por esse valor.


5. Encontre seu nicho e, em seguida, assuma o controle dele.
Todo empreendedor deve estar atento a grupos de pessoas com necessidades não atendidas, que só esperam uma boa solução para comprarem. Mas, identificar esse nicho não é suficiente. Você também deve tomar medidas para garantir que você se sobressaia na mente dos consumidores como a principal escolha.
A Apple foi uma das pioneiras no segmento de computadores pessoais. Após seu sucesso inicial comandando uma boa parte de seu nicho, a empresa perdeu espaço no mercado na década de 90 e as suas receitas caíram. A Apple resolveu este problema de duas maneiras: se concentrou em recriar sua imagem de pioneira da indústria dos computadores pessoais e criou novos nichos para si, inclusive o armazenamento digital de músicas digital e os smartphones. Hoje, praticamente ninguém descreveria a Apple como uma empresa de “nicho”. Na verdade, seus produtos agora permeiam quase todos os aspectos de nossas vidas.


6. Tenha empatia: caminhe no lugar do cliente.
Steve Jobs defendia que se colocar no lugar do cliente é pensar sobre o que você gostaria de sua empresa.
Um dos pontos fortes da Apple sempre foi a sua capacidade de projetar seus próprios novos produtos, mas com base em produtos anteriores que fizeram sucesso, transformando-os em algo superior e mais relevante para os consumidores. Steve Jobs fazia isso, imaginando o que era necessário que seu produto tivesse e tirando a prova com os clientes.
Claro que, para fazer isso, você precisa entender quem são seus clientes e o que eles realmente precisam. Depois de saber exatamente para quem você está vendendo, é mais fácil imaginar-se no lugar do cliente e criar soluções inovadoras.


7. Cerque-se de talento e qualidade.
Quem recusaria um trabalho na Apple? Garanto que quase ninguém. A reputação da empresa, como uma das melhores para se trabalhar, atrai a profissionais de qualidade e excelência para sua equipe, o que se traduz em melhores produtos, serviços e experiências do cliente.
As pessoas que você contrata devem se adequar perfeitamente à qualidade de sua marca. Cerque-se de pessoas talentosas que estejam comprometidas com a excelência e que sejam apaixonadas pelo que fazem. Sua imagem profissional deve alimentar e construir uma identidade de marca positiva.


8. Conduza, não apenas siga.
É natural para as pequenas empresas competirem umas com as outras. Mas se você está constantemente acompanhando o que alguém está fazendo, você nunca terá a chance de ser um líder. Porém, isso não quer dizer que você deve ignorar o que a concorrência está fazendo. A Apple nunca faz isso.
O conceito de smartphone surgiu muitos anos antes da Apple entrar nesse segmento. Ao invés de seguir a outros fabricantes de smartphones, a equipe de Steve Jobs se apoiou sobre o conceito básico mas criou seu próprio sistema operacional e acrescentou o primeiro touchscreen. A Apple não criou o conceito de música digital, criou produtos e serviços que fizeram a música digital ser amplamente acessível ao público em geral.
É claro que você sempre precisará estar ciente do que o que seus concorrentes estão fazendo, mas a maior parte de seus esforços e energia devem ser centrados sobre como usar seus pontos fortes para abrir novos caminhos para sua empresa.


9. Construa relacionamento com os clientes.
Se há uma coisa que as pequenas empresas sempre serão capazes de fazer melhor do que as grandes corporações é construir relacionamento com os clientes. É muito mais fácil para essas empresas conhecerem, ouvirem e terem contato direto com os clientes.
O sucesso da construção de relacionamentos da Apple tem origem em sua capacidade de interagir com os clientes em um nível pessoal, o que não é comum para as grandes empresas. Além do mais, é a honestidade da marca que gera confiança e conquista aos clientes. Quando você compra um “I alguma coisa”, você sabe exatamente o que você está comprando porque a Apple tem produtos e serviços que cumprem a sua promessa de marca.
Eleve as expectativas dos clientes e, em seguida, aja em função delas, esse é o segredo da construção de relacionamentos entre sua marca e o cliente.


10. Não tenha medo do fracasso.
Podemos dizer que a história da Apple é uma história de fracassos, e de sucessos. Que experiência poderia ser pior do que um CEO ser demitido de sua própria empresa? Steve Jobs perdia muito tempo preso em suas falhas, ele se concentrava em sua vontade de aprender, inovar e ter sucesso. Por incrível que pareça, isso ajudou a Apple a reconstruir sua incrível trilha de sucesso.
Nunca se esqueça do propósito de sua marca e esteja disposto a assumir riscos calculados que podem movê-lo rumo aos seus objetivos. Ao invés de focar seus esforços de gestão de marca para evitar o fracasso, enfatize sua busca pelo sucesso. Jobs defendeu sua marca até o fim. Ele lutou por ela mesmo quando o iPad foi lançado e bombardeado de críticas. E seu esforço valeu a pena: o iPad tornou-se, rapidamente, o produto de maior crescimento da história da marca.


A história da Apple continua a ser escrita, e pelo que tudo indica ela continuará sendo impressionante. Lembre-se de que sua empresa também pode escrever sua própria história de sucesso.

Pode ser que você não tenha o mesmo orçamento da Apple, mas para aprender com ela, você não precisa de dinheiro. Como, sabiamente, o próprio Steve Jobs disse: “A inovação não tem nada a ver com quantos dólares você tem. Quando a Apple surgiu com o Mac, a IBM estava gastando pelo menos 100 vezes mais em desenvolvimento de produtos. Não se trata de dinheiro. Tudo é sobre as pessoas que você tem, como você está liderando e como você entrega valor.”

http://www.trabalhosfeitos.com/topicos/modelo-de-excel%C3%AAncia-da-gest%C3%A3o-apple/0

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