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Lean startup: entenda a metodologia usada pela Amazon,
Facebook e Zappos
Por Rafael Carvalho
10.04.2015
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entenda a metodologia usada pela Amazon, Facebook e Zappos
Lean startup consiste, entre outros princípios, em gastar
poucos recursos para testar uma ideia antes de investir pesado nela
O portal DRAFT continua com a série que explica as
principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São
termos e expressões que você precisa saber, seja para conhecer as novas
ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma
língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é lean startup…
O que acham que é
Algum tipo de startup.
O que realmente é
Uma metodologia para criar negócios de forma enxuta,
eliminando desperdícios e etapas desnecessárias. “É um processo em que se
aprende ao fazer, não planejando antes”, diz o professor Wilson Nobre, membro
do Fórum de Inovação da FGV.
Leia também: Os melhores momentos da palestra de Bob Dorf no
Brasil
Quem inventou
O conceito de lean, que no Brasil é traduzido como “enxuto”,
vem da década de 1950, e foi criado nas fábricas do Japão. Ao contrário do que
era comum no ocidente — muito planejamento, pesquisa de mercado, produção com
várias etapas muito bem documentadas etc —, os japoneses criaram linhas de
produção mais enxutas: reduziam desperdícios, cortavam etapas que não eram
essenciais, eliminavam os grandes estoques. Nascia o lean manufacturing. “No
pós-guerra, aquela era uma cultura que tinha escassez de alimentos, de espaço.
Não podia copiar os excessos dos métodos de produção do ocidente. Tiveram que
se adaptar”, afirma Wilson Nobre. Também surgia ali o sistema just in time de
produção: nada deveria ser produzido antes da hora, antes que a demanda fosse
real. A Toyota foi o primeiro grande exemplo de aplicação desses princípios: a
eficiência era máxima, o desperdicio mínimo e os carros só eram produzidos
quando a encomenda já havia sido feita (não havia mais um estoque esperando
pelos compradores, como antes).
.
Quando foi inventado
Ao longo dos anos, aqueles conceitos que nasceram no Japão
pós-guerra correram o mundo. Se tornaram cada vez mais simples, bem definidos.
Se expandiram para além da manufatura. Até chegarem às startups. Em 2011, o
empreendedor e mentor americano Eric Ries, escreveu um livro sobre a
metodologia que há alguns anos vinha aplicando com startups, baseada nas
técnicas de lean manufacturing. Seu livro A Startup Enxuta (ou , The Lean
Startup no original em inglês) virou um guia obrigatório para as melhores
startups do mundo. Lá, ele propõe também um diagrama com os ciclos de trabalho
que devem ser seguidos, como: construir (o produto mais simples possível),
medir (os resultados), aprender (o que deu certo e errado, e então fazer uma
versão melhor).
Para que serve
Segundo Ries, para ajudar startups a falharem menos. Ou pelo
menos não fracassarem por erros que poderiam ser evitados — como gastar todas
suas fichas no protótipo perfeito. Afinal, maioria das startups nasce com pouco
dinheiro e precisa crescer rápido. Seria inviável para esse tipo de empresa
fazer pesquisas de mercado detalhadas, um baita planejamento e investir pesado
em desenvolvimento. O início tem que ser barato e rápido. Assim, Ries criou
conceitos como o de Minimum Viable Product (MVP): fazer uma versão simples do
que se vai lançar (um software ou app, por exemplo) com o mínimo de recursos
para que funcione e pronto: colocar logo no mercado. “Os usuários vão testando,
e, a partir das críticas deles, a empresa lança novas versões. Esse ciclo pode
ser muito rápido, com novos releases toda semana, todo dia. O importante é
crescer de acordo com o que o mercado pede”, afirma o professor Wilson Nobre.
Também faz parte dessa jornada de vez em quando ter que “pivotar” — ou mudar o
modelo de negócios. E, se necessário, falhar: quanto mais rápido, gastando
menos energia, tempo e dinheiro, melhor.
Leia também: Conheça a SuperNova, que aplica lean startup
para ajudar as empresas
Quem usa
A maior parte das startups mundo afora, ou grandes empresas
que começaram como startups — Amazon, Facebook, Zappos etc. No Brasil, já temos
vários bons exemplos também, como o caso da Easy Taxi de Tallis Gomes, que
contou ter criado a primeira versão do aplicativo no modelo MVP. Na entrevista,
o empreendedor detalha como criou, primeiro, um protótipo do serviço, no qual o
pedido do usuário caía direto no seu e-mail pessoal e ele procurava no Google
Maps um carro disponível. Quando percebeu que havia de fato demanda para esse
tipo de serviço, aí sim ele desenvolveu o app.
Efeitos colaterais
Um perigo é quando os empreendedores se apegam demais ao
lado prático e esquecem de aprender ensinamentos básicos de administração.
“Muitos veem o lean startup como negação do que veio no passado. Acham que é
simplesmente ir lá e fazer de qualquer jeito, o que der na telha”, diz Wilson
Nobre. E alerta: “Não é. Essa desorganização faz inclusive com que haja
desperdício — de tempo, de dinheiro, de esforços da equipe. É preciso aprender,
estudar, buscar minimamente o que já existe para empreender com um nível
melhor”. É bem provavel que Eric Ries concordasse. O autor, que é formado pela
Universidade de Yale, deixa claro logo no início de seu livro: empreendedorismo
é, essencialmente, administração. Trabalhar sem método e ignorar experiências
alheias não é eficiente.
Leia também: Dez cursos que mudam a vida de um empreendedor
Quem é contra
Em uma conferência sobre lean startup em 2012, em São
Francisco, o investidor Marc Andreessen deixou claro: o modelo é ótimo, mas não
serve para toda startup. Há produtos, por exemplo, que precisam chegar ao
mercado por inteiro, completos. Ou não vão fazer o efeito nem atrair a atenção
que deveriam (caso dos computadores da Apple, por exemplo). O venture
capitalist também diz que muitos empreendedores podem usar o método como uma
desculpa para não investir em marketing e vendas — um erro grave que pode
prejudicar a empresa. Outro problema, segundo ele, está em criar uma cultura
sedutora em torno do fracasso. Muita gente estaria interpretando mal a
facilidade do “pivot” e deixando de persistir o suficiente em um plano,
estratégia ou modelo de negócios. “Você quer preservar o benefício da ideia de
pivotar, mas você não quer que as pessoas sejam intencionalmente encorajadas a
falhar. Talvez seja tempo de acrescentar mais estigma. Entre os empreendedores
que admiro, admiro os que pivotam, mas admiro ainda mais os que persistiram”,
afirmou durante a conferência.
Para saber mais
Leia o livro “A Startup Enxuta“, de Eric Ries, conheça casos
de startups lean e assista aos vídeos sobre seus modelos.
Este artigo foi originalmente publicado em DRAFT
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