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MODELOS DE GESTÃO: QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
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Juliano Machado De Magalhães
1.16
Abstract
1. Conceitos de qualidade e satisfação do cliente 1.1 As
diferentes abordagens da qualidade As empresas têm a sua existência vinculada à
satisfação das necessidades sociais. Inicialmente, busca-se identificar as
necessidades de todas as partes interessadas pelo desempenho da empresa. Elas
são posteriormente classificadas e são definidos os meios para satisfazê-las.
Existem, basicamente, 5 definições de qualidade: -Abordagem transcendental: vê
a qualidade como um sinônimo de excelência inata. -Abordagem baseada em
manufatura: preocupa-se em fazer produtos ou proporcionar serviços que estão
livres de erros, correspondendo precisamente às suas especificações de projeto.
-Abordagem baseada no usuário: assegura que o produto ou serviço está adequado
ao seu propósito, considerando a conformidade às especificações e a sua
adequação às expectativas do consumidor. -Abordagem baseada em produto: vê a
qualidade como um conjunto mensurável e preciso de características, que são
requeridas para satisfazer o consumidor. -Abordagem baseada em valor: define a
qualidade em termos de custo e preço, defendendo que qualidade seja percebida
em relação ao preço. Definição: Qualidade é o grau no qual um conjunto de
características inerentes satisfaz a requisitos (NBR ISO 9000:2000, 3.1.1). A
melhoria da qualidade exerce forte influência sobre o bom desempenho da
produção e aumento dos lucros. As receitas podem ser incrementadas por melhores
vendas e por preços mais altos no mercado. Os custos, por sua vez, podem ser
reduzidos pela melhor eficiência, produtividade e uso do capital.
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https://es.slideshare.net/ravthallion/aula-02-modelos-de-gestao
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_da_qualidade_total
Gestão da qualidade total
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A gestão da qualidade total (em língua inglesa "Total
Quality Management" ou simplesmente "TQM") refere-se a uma
estratégia de administração orientada a criar consciência da qualidade em todos
os processos organizacionais.
É referida como "total", uma vez que o seu
objetivo é envolver distribuidores e demais parceiros de negócios.
Compõe-se de diversos estágios, como por exemplo, o
planejamento, a organização, o controle e a liderança. Um desenvolvimento
posterior do conceito é o Seis Sigma.
O conceito do TQM foi sendo desenvolvido por numerosos
consultores empresariais norte-americanos tais como W. Edwards Deming, Joseph
M. Juran e Armand V. Feigenbaum [1]. Em 1961, Feigenbaum definia o TQC como um
sistema eficaz que integra o desenvolvimento da qualidade, a manutenção da
qualidade e os esforços de melhoria da qualidade entre os diferentes setores da
empresa, com o objetivo de criar produtos/serviços com o máximo de economia e a
plena satisfação dos consumidores [2]. Mas foi no Japão (onde Deming e Juran
trabalharam após a Segunda Guerra Mundial) que a Qualidade Total tomou o
formato que influenciou os empresários do mundo todo. Shigeru Mizuno publicou o
livro Company-Wide Total Quality Control, publicado pela Asian Productivity
Organization em 1988, que teve milhares de edições vendidas no mundo todo [2].
A Toyota, no Japão, foi a primeira organização a empregar o
conceito de "TQM" (ver Toyotismo), superando a etapa do fordismo,
onde esta responsabilidade era limitada apenas ao nível da gestão. No
"TQM" os colaboradores da organização possuem uma gama mais ampla de
atribuições, cada um sendo diretamente responsável pela consecução dos
objetivos da organização. Desse modo, a comunicação organizacional, em todos os
níveis, torna-se uma peça-chave da dinâmica da organização, e Vicente Falconi
afirma que “um produto ou serviço com qualidade é aquele que atende sempre
perfeitamente e de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e no
tempo certo às necessidades do cliente”.
Os princípios básicos da qualidade total são:
Produzir bens ou serviços que respondam concretamente às
necessidades dos clientes;
Garantir a sobrevivência da empresa por meio de um lucro
continuo obtido com o domínio da qualidade;
Identificar o problema mais crítico e solucioná-lo pela mais
elevada prioridade (Pareto);
Falar, raciocinar e decidir com dados e com base em factos;
Administrar a empresa ao longo do processo e não por
resultados;
Reduzir metodicamente as dispersões por meio do isolamento
das causas fundamentais;
O cliente é Rei. Não se permitir servi-lo se não com
produtos de qualidade;
A prevenção deve ser a tão montante quanto possível;
Na lógica anglo-saxônica de “trial and error”, nunca
permitir que um problema se repita;
A lógica para que as empresas se possam desenvolver de
acordo com estes pressupostos é a lógica do PDCA (Plan; Do; Check; Act to
correct)
Gerenciamento de Processos
Ciclo PDCA
Controle de qualidade
ISO 9000
Sete ferramentas da qualidade
Kaizen
5s
Referências
'How to Build
Quality,' Economist, 23 de setembro de 1989, 91-92.'
BIASCA, Rodolfo E. -
Resizing - Ed. Campus, 1995 - tradução de Talita Macedo Rodrigues da edição de
1992 de edição publicada pela Ediciones Macchi - ps.463-467-472
ISBN-950-537-151-9
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0873-74442012000300004
O mapa global de gestão: os modelos anglo-americano, alemão,
japonês e chinês
Global
management map: the Anglo-American, German, Japanese, and Chinese Models
Renato Lopes da Costa*
* Doutorando em Gestão Geral, Estratégia e Desenvolvimento
Empresarial do ISCTE-IUL – Instituto Universitário de Lisboa. Professor de
Estratégia Empresarial e Gestão do ISCTE-IUL – Instituto Universitário de
Lisboa. E-mail: renatojlc@hotmail.com
RESUMO
A globalização do mercado empresarial atual obriga, hoje em
dia, a repensar as teorias de gestão existentes, exigindo-se, mais do que
nunca, um mapa global mental aberto à diversidade cultural. O concorrente
direto outrora existente no outro lado da rua, passou agora a poder estar
colocado a quilómetros de distância em qualquer um dos «quatro cantos do
mundo». O mapa global atual exige, por isso, aprendizagem, competência e,
fundamentalmente, conhecimento, e não apenas conhecimento prático e técnico, mas
um conhecimento marcadamente diversificado sobre todas as outras culturas e
mercados que nos constituem, sejam elas fortes, emergentes ou fracas, pois
mesmo estas últimas podem, a qualquer momento, projetar-se e começar a absorver
o capital disponível nos mercados internacionais. Este artigo tem assim o
objetivo de projetar o futuro e dar a conhecer como está o mundo organizado
relativamente à forma cultural de fazer gestão e pensar a estratégia,
apresentando, por isso, uma orientação teórica que permite que se cultivem os
gestores, os académicos e os próprios estudantes sobre a forma como lutam e
sobrevivem as empresas a nível mundial.
Palavras-chave: Globalização, Mapa Global, Gestão, Mercados
Empresariais Internacionais
ABSTRACT
The
globalization of the current business market forces us to rethink the main
field management theories, demanding more than ever a global mental map open to
cultural diversity. The direct competitor once known and on the other side of
the road, may now be thousands of kilometers away anywhere in the world. The
present global map demands therefore learning, competence and, above all,
knowledge. And not only practical and technical knowledge, but most of all a
diversified knowledge on all other cultures and markets were made of.
Whether they are strong, emergent or weak, because even the later ones can at a
moments glimpse project themselves and absorb the
available capital in the international business markets. This article as thus
the goal of projecting the future and let know how the world is organized
regarding the cultural way of doing management and think strategy. Thus,
presenting a theoretical orientation allowing the managers to cultivate
themselves, the academics and even the students, on how firms fight and survive
on a world scale.
Key words:
Globalization, Global Map, Management, International Business Markets
ENQUADRAMENTO
Desde os seus primórdios que o objetivo da estratégia
organizacional consiste no estudo das relações das organizações com o seu meio
envolvente, numa perspetiva de longo prazo (António, 2006), mas a globalização
da economia e o desenvolvimento de tecnologias de informação têm obrigado a
repensar as teorias de gestão existentes. Os efeitos da economia num ponto do
planeta manifestam-se hoje a milhares de quilómetros de distância, o que leva a
que, cada vez mais, a gestão empresarial requeira maiores cuidados face à
gestão dos negócios.
Hoje, mais do que nunca, estamos perante uma sociedade cada
vez mais próxima, sendo o paradigma da deslocação dos gestores de um ponto para
o outro do globo um lugar-comum no novo contexto internacional. Assim sendo, a
mudança no contexto ambiental exige um mapa mental global, aberto à diversidade
cultural, a conhecimentos sobre outras culturas e mercados e à integração de
novos valores, sendo estes, mais do que nunca, os principais fatores críticos
de sucesso para a gestão dos nossos dias.
Neste sentido, o estudo das diferentes formas de gestão, o
conhecimento cultural dos diferentes contextos e realidades internacionais e a
capacidade de absorção de todo este conhecimento deve ser a chave para o
sucesso. O importante é conhecer o que se faz e como se faz nos quatro cantos
do mundo e ter a disponibilidade mental para aprender e para perceber de que
forma é gerido o conhecimento daí gerado, não só no sentido de garantir uma
maior capacidade para competir, mas também para incorporar ou, quando muito
conhecer, a forma como os outros agem, independentemente da sua localização,
cultura, mercado ou valores.
Neste contexto, é importante ter conhecimento sobre como se
faz a gestão nos gigantes conhecidos como são os casos dos EUA, da União
Europeia, do Japão ou da China, cuja contribuição conjunta para a economia
mundial ronda os 86% – com 29,1%, 31,4%, 10,3% e 5%, respetivamente – (António,
2008).
Em suma, por mais que se possa projetar o futuro ou ir ao
encontro das mudanças constantes ao nível do meio ambiente, as palavras
«conhecimento» e «mapa global» devem ser as primeiras a constar nos dicionários
das pessoas e das organizações, pois são hoje temas universais e o modo como os
tratamos e ensinamos pode ser uma fonte de aprendizagem valiosa.
O MODELO ANGLO-AMERICANO
O modelo anglo-americano ou, por outras palavras, a teoria
da agência, como é conhecida no mundo empresarial, tem sido um modelo muito
usado nas universidades ao longo dos anos por autores como Walker e Weber
(1984), Demski e Feltham (1978), Spence e Zeckhauser (1971), Basu et al.
(1985), Eisenhardt (1985), White (1985) e, ainda que alguns autores como Perrow
(1986) o envolvam num certo grau de controvérsia, apelidando-o de trivial e
perigoso, a verdade é que, quer se queira, quer não, este personifica a
fundação de uma teoria organizacional poderosa (Jensen, 1983; Barney e Ouchi,
1986; Anderson, 1985; Eisenhardt, 1985), sendo o seu exemplo «caracterizado
pelo seu grande cariz universal» (Ross, 1973, p. 134) no que diz respeito ao
restabelecimento da importância dos incentivos e dos interesses pessoais no
pensamento organizacional (ver Figura 1).
Sucintamente, o que o modelo anglo-americano nos indica é
que estamos, na maioria das vezes, perante conflitos de interesses. A jusante
da cadeia estão, portanto, os shareholders que, hoje em dia, não têm caras.
Estes são fundamentalmente empresas que compram empresas e têm parte da fatia
destas sem que exista forma de os identificar, o que os leva também a não estar
de todo interessados na forma como as empresas são geridas, pois o seu
principal objetivo é criar mecanismos de controlo (o que, obviamente, cria
custos) e obter com isso 20% dos seus proveitos ou resultados (Eisenhardt,
1989).
O problema aqui reside no facto de que estes shareholders
não têm informação sobre o que acontece na empresa, ao contrário dos seus
gestores, o que leva a que estes últimos obtenham poder e comecem a perseguir
objetivos individuais, como por exemplo a idealização de virem a ser
presidentes de grandes empresas. Desta forma, a ideia de que os gestores estão
nas empresas para perseguir os interesses dos shareholders, sem que tenham
interesses pessoais, fica suprimida, dando lugar a uma abordagem mais do tipo
«a empresa como uma interação de contratos entre shareholders e gestores», o
que caracteriza este modelo como mais do tipo individualista contra o fator grupo
(Eisenhardt, 1989).
Ou seja, seguindo a abordagem de Jensen e Meckling (1976), o
modelo anglo-americano de governabilidade empresarial é regido a partir da
abordagem «agente-principal», assente numa relação em que o principal (empresa
a acionistas) contrata um agente (gestores) para que sejam estes a tomar
decisões sobre a forma de poder direcional. Em sentido mais restrito, trata-se
de um serviço de delegação de autoridade conhecido por teoria de agência,
fundamentalmente ligado ao conflito de interesses entre os principais e os
agentes, ou no que comummente se designa de perda residual centralizada no
conflito de interesses e divergências entre as partes.
O estudo desta teoria tem-se focado fundamentalmente a
partir de duas linhas, a normativa, ligada ao ponto de vista económico,
reconhecendo que o acompanhamento do gestor (agente) e os interesses dos
principais (proprietários) devem ser alcançados a partir de incentivos para
inovações de governabilidade, e a irregular, assentando esta numa visão em que
os gestores tendem normalmente a enganar os principais ou proprietários,
tentando maximizar mais a sua própria utilidade do que a da empresa
propriamente dita, associando-se esta abordagem a um risco moral e oportunista
por parte do agente, não apenas assente no desenvolvimento de práticas e ações
que tendam a beneficiar os seus próprios interesses, como na assunção de
comportamentos que tendem a afastar agentes bons e a esconder informação que
não chega sequer ao conhecimento da própria empresa (António, 2006).
Assim, o que este modelo nos indica é que, independentemente
de gostarmos ou não, a via organizacional está envolta em interesses pessoais
(Barney e Ouchi, 1986) e em risco (Walker e Weber, 1984), que podem influenciar
os contratos entre agente e principal. Mas, mais importante do que a
evidenciação de interesses pessoais entre atores ou demonstrar a existência do
risco envolto nesta interação [que neste último caso, tal como evidenciado por
Eisenhardt (1989), pode ser suprimido através de investimento em sistemas de
informação que possam controlar, de certa forma, o oportunismo de certos
gestores], o essencial é encarar o modelo como uma perspetiva de análise a
considerar quando comparada com outras perspetivas teóricas complementares.
O MODELO DE GESTÃO GERMÂNICO
Como percebido pela ilustração do modelo de
«agente-principal», o envolvimento dos stakeholders está longe de perfilhar uma
ideologia coletivista, sendo mais ligado a uma forma de gerir na qual a
competitividade é a palavra de ordem. Nesta estrutura governativa, a
agressividade pela partilha de mercados e lucros e a conflituosidade entre
interesses pessoais e organizacionais redesenham um modelo que, para muitos, é
errado, pois focaliza-se numa visão não sofisticada da empresa e pela exclusão
de um paradigma de coletivismo e sinergias, tão em foco à entrada deste novo
século.
Mas, ainda que muitos países europeus, tais como Portugal,
sejam também apologistas deste tipo de filosofias organizacionais, existem
outros tantos que apresentam diferenças significativas ao nível da análise da
sua estrutura governativa. Um desses mesmos modelos governativos foi-nos
apresentado pelo modelo europeu mais distinto, o alemão. Ao contrário do modelo
anglo-americano, o modelo alemão anterior a 2003 enfatizava a necessidade da
livre concorrência, na qual se incluem aquisições hostis e uma filosofia
cooperativa, centrada sobre o conceito de codecisão (António, 2006).
A visão sofisticada de empresa apresentada pelo modelo
alemão considerava a empresa como um veículo social, envolvendo a sociedade
empresarial como um todo, para que a conjugação de forças e conhecimentos
contribuísse para aquilo que António (2006) denomina como leitura do mapa
global, definindo esse mesmo mapa como algo amplo que vai muito para além do
bem-estar dos acionistas.
Em termos sucintos, pode-se dizer que o modelo alemão
descansava na monitorização contínua dos gestores pelos stakeholders,
alicerçados em relações de longo prazo, cujo compromisso implícito gerava, na
maioria das vezes, aspetos importantes nas suas tomadas de decisão, o que, por
si só, dava a possibilidade de que, na maioria das vezes, fossem constituídos
verdadeiros cartéis de acordos inter-firmas que permitiam a formação de
compromissos, em desprimor de incentivos para venda de ações, assumindo neste
contexto as PME não cotadas em bolsa um maior protagonismo em termos de
importância na sua sociedade empresarial (ver Figura 2).
As características apresentadas na Figura 2 constituíram,
assim, as bases para que a Alemanha tenha sido descrita, na década de 1980 e
parte de 1990, como uma economia coordenada e uma referência face à abordagem
que teve em termos de parceria social nas suas relações industriais, sejam
estas relativas a negociações salariais, esquemas corporativistas de formação
profissional e/ou uma correta coordenação dos direitos dos trabalhadores. Ou
seja, regimes obrigatórios e abrangentes de segurança social são tidos nesta
perspetiva como uma das principais características do modelo que caracterizou a
Alemanha até 1997 ou, mais precisamente, até 2003, o que sobrepunha a defesa da
força de trabalho contra as próprias perdas de receitas e/ou estatutos que
possam gozar determinadas classes profissionais.
O sistema político alemão caracterizava, por isso, um
sistema baseado em consensos, resultado de federalismos cooperativos,
coligações governativas, caça ao voto legislativo e concentração do macro
corporativismo que, em diversos momentos da sua história, levaram à restrição
de esforços para levar a cabo reformas políticas que se mostravam adequadas
para fazer face aquilo que, no mundo globalizado, se ia gerando (Katzenstein,
1987; Czada, 2005).
Mas, historicamente, ainda que a mudança de base governativa
se tivesse dado anos mais tarde, a década de 1990 porém (após a unificação das
Repúblicas Federal e Democrática alemãs em 1989) veio dar inicio a um novo
paradigma no contexto social e económico alemão, com a implementação de algumas
reformas estruturais que vieram de certa forma alterar a estrutura e os
regulamentos empresariais e financeiros mantidos até então (Posen 2009),
sobretudo em termos das medidas necessárias para melhorar a proteção legal dos
acionistas, a liberalização do mercado de ações e a incorporação de ações
inovadoras em termos empresariais.
Ainda que, na fase anteriormente referida, tivessem sido
registados alguns movimentos de transição, tais como os mencionados
anteriormente, na verdade, as pressões para levar a cabo reformas financeiras
mais profundas eram ainda bastante moderadas, isto porque, acreditavam os
políticos, as receitas conseguidas em 1990 pela Alemanha Oriental ou antiga
República Democrática, no valor de 500 biliões de marcos alemães contra os 108
biliões registados em 1989, iriam suportar e servir de almofada para gerir os
custos da unificação, o que, por si só, se veio a mostrar insuficiente. Dois
anos mais tarde, a balança de pagamentos alemã registava um défice de 150
biliões de marcos alemães, vendo-se, por isso, o país e a banca forçados a
prosseguir uma política de juros altos para atrair capital estrangeiro que
pudesse financiar a sua economia (Czada e Hirashima, 2009).
É importante, no entanto, notar que, durante este período, o
país gozava de conflitos políticos praticamente inexistentes. Foi um período
onde as políticas partidárias, assim como as relações federais, se
caracterizavam ainda por consensos generalizados e por um estado de bem-estar
social, no qual a formação e reconversão profissional, a redução de horas de
trabalho e a aposentadoria precoce serviam de base para restringir a oferta de
trabalho em face de altas taxas de desemprego existentes na altura. Este foi
assim o paradigma até 1997 (Czada, 2002, 2004, 2005).
Em 1997, o consenso social remonta então à década de 1950,
gerando um foco que veio colocar em causa os consensos gerados até então, face
à rejeição pelos social-democratas, do projeto-lei de reformas e pensões
apresentado pelo governo socialista da época (Cerami, 2004; Czada e Hirashima,
2009).
Desde então, inúmeros conflitos foram surgindo em termos da
continuação das políticas de bem-estar características do modelo alemão
anterior a este período, e que, por sua vez, foram sendo agravadas face,
principalmente, às forças das circunstâncias económicas mundiais, que
conduziram a verdadeiros constrangimentos situacionais e à necessidade de se
agir de forma pragmática (Cerami, 2004; Czada, 2005; Czada e Hirashima, 2009).
Estes constrangimentos em termos do bem-estar social tiveram
o seu verdadeiro início em 2003, período no qual se iniciaram um conjunto de
reformas (Hartz) estruturais no país, ao nível do mercado de trabalho, com o
objetivo de evitar o colapso financeiro do sistema social, quer através da
diminuição dos valores do fundo de desemprego, quer através do aumento da
empregabilidade alicerçada no reforço da responsabilidade individual de cada
cidadão (Czada, 2005; Buhr e Schmidt, 2007). Estes impulsos de reestruturação
caracterizaram assim o princípio das reformas legislativas sem precedentes
levadas a cabo pela Alemanha, para promover o país como o centro financeiro da
Europa (Czada e Hirashima, 2009).
Novos regulamentos sobre a bolsa de valores (participação
mais transparente das empresas na bolsa de valores), restrições em termos do
direito de voto dos bancos nas empresas por procuração (não assumindo
automaticamente o direito de voto por terem mais de 5% do capital conseguido
através de procurações) e abolição de impostos sobre ganhos de capital com a
venda de participações acionistas (aumentando o nível de rivalidade entre
diferentes grupos industriais), são apenas alguns exemplos desta promoção (Lutz,
2000).
A este ciclo seguiu-se a crise profunda em que se viu
mergulhada a Europa e o mundo em 2008, o que veio acentuar ainda mais a geração
de conflitos que vinham sendo gerados desde 1997, resultando daqui um conjunto
de novas reformas institucionais e a abertura de novos caminhos na elaboração
de políticas e iniciativas para levar a cabo estas mesmas reformas estando,
entre elas, atos para a promoção do mercado financeiro, a redução ainda mais
acentuada do bem-estar social e um conjunto de ações que conduziram a reduções
drásticas em termos financeiros para equilibrar o orçamento do país (Czada e
Hirashima, 2009).
Mas, ainda que estas reformas tenham, de certa forma,
alterado aquilo que até 1997 caracterizava o modelo alemão, envolvendo a
sociedade empresarial como um todo e a continuidade da estrutura governativa
alemã e das suas empresas como veículo social, estas reformas por si só não
bastaram, o que veio a culminar na denominada Agenda 2010.
O acentuado défice orçamental alemão e a perda de competitividade
no cenário internacional obrigaram o chanceler federal Gerhard Schröder a
implementar um pacote de reformas mais abrangente, trazendo o programa Agenda
2010 (assente numa dominante orientação neoliberal) verdadeiras mudanças em
termos tributários, de saúde pública, de previdência, de mercado de trabalho e
de finanças municipais, além de ter colocado também o debate sobre a própria
desregulamentação profissional.
Desde então o gap entre a receita e a despesa pública alemãs
tem, de facto, diminuído consideravelmente, assim como as taxas de desemprego,
caindo o número de desempregados de 5 para 3 milhões entre 2005 e 2009 (Czada e
Hirashima, 2009), ainda que este resultado ficasse fundamentalmente ligado a
uma diminuição da qualidade de vida dos cidadãos, a um aumento considerável do
trabalho em part-time (aumentando de 11% para 17% em 2009) e a uma certa
desvirtuação das diferentes realidades vividas entre as fações este e oeste da
sociedade alemã.
Ou seja, ainda que estes resultados apontem para uma
homogeneidade de desempenhos em termos políticos, sociais e económicos, na
verdade, estes resultados desvirtuam um pouco a realidade. Embora a Alemanha
esteja longe da heterogeneidade vivida pelo Império Alemão de 1871 (República
de Weimar), ou mesmo pelo período anterior à unificação de 1989, a verdade é
que, historicamente, a Alemanha sempre se caracterizou pela sua
heterogeneidade.
Segundo Buhr e Schmidt (2007), em 2007, dos 13 milhões de
alemães orientais (ex-República Democrática Alemã), 16,8% estavam desempregados
(1,3 milhões), enquanto a percentagem de desempregados na Alemanha ocidental,
com um total de 65 milhões, era de apenas 8,4% (2,5 milhões) e, neste sentido,
apesar dos anos terem diluído as amplitudes e desigualdades entre estas duas realidades,
a verdade é que continuam a existir diferenças significativas em termos sociais
e económicos, considerando-se por isso que a sociedade alemã não possa ser
caracterizada como equitativa.
Na verdade, mais de duas décadas passadas após a queda do
muro de Berlim, subsistem ainda diferenças políticas, económicas e sociais não
equitativas entre as fações este e oeste alemãs. Este tipo de desigualdade é
transcrito em algumas investigações, existindo na parte este a opinião
generalizada de que o país não assenta numa base equitativa em termos sociais e
económicos e na providência de justiça e oportunidades idênticas para todos os
cidadãos (Czada e Hirashima, 2009).
No entanto, embora o ceticismo seja mais vincado a este,
pelas razões mencionadas anteriormente, a verdade é que se tem assistido na
Alemanha a uma generalizada e crescente deceção popular face às políticas
sucessivas que têm sido levadas a cabo pelos seus governantes, o que tem
conduzido a um sentimento de desencanto, que não só tem levado o eleitorado de
direita a virar mais à esquerda, como à própria insatisfação da população face
à própria democracia (Posen, 2009).
Assim, apoiada numa estratégia de exportações
fundamentalmente virada para dentro do espaço europeu (2/3), o que torna a
Alemanha menos sensível à turbulência dos mercados globais e menos vulnerável a
mudanças e a fatores de competitividade entre nações e continentes e com um
aposta marcadamente dirigida também aos mercados emergentes como a China,
Rússia, Índia e África do Sul, a sua dependência face à economia
norte-americana tem diminuído gradualmente. E, ainda que esta situação possa
variar de setor para setor ou em termos de produto (por exemplo, no setor de
fabrico de automóveis continua bastante dependente da economia norte-americana),
a verdade é que as políticas governativas alemãs têm conduzido a sua estratégia
de forma inteligente, continuando este país a ser o «motor» europeu de
referência em termos económicos, centrando-se sobretudo na especialização da
indústria de manufatura de automóveis, camiões, engenharia industrial,
construção e produtos químicos (Scharpf, 2003).
Ou seja, o que tudo isto nos indica é que o modelo
capitalista alemão, anteriormente caracterizado por uma sociedade empresarial
sinérgica e por estruturas governativas e empresariais que funcionavam como
veículo social, é hoje um modelo híbrido que tenta combinar as virtudes do
modelo alemão anterior a 2003 e o modelo anglo-saxónico, caracterizado por um
maior pragmatismo face às mudanças globais mundiais. O modelo alemão atual é,
por isso, caracterizado pela tentativa de combinar equilíbrios sociais e
flexibilidade económica, em termos de mercado financeiro e empresarial, estando
por isso a sua estratégia governativa atual ligada a reformas estruturais, que
servem como travão constitucional ao aumento do seu défice público que se
cifrou, em 2011, em 1,5% do seu PIB e se pretende diluir por completo em 2014.
O MODELO DE GESTÃO JAPONÊS
O Japão, por muitos denominado como a «Terra do Sol
Nascente», é o país com a 10.ª maior densidade populacional do mundo, com cerca
de 128 milhões de habitantes. Desde a sua fundação, em 1947, o Japão conta com
uma história única, estabelecida numa constituição assente sobre uma estrutura
monárquica liderada pela figura cerimonial de imperadores e um parlamento
constituído eleitoralmente pelo povo, liderada atualmente pelo imperador
Akihito.
A história desta nação iniciou-se há cerca de 1500 anos,
alimentada por uma filosofia muito própria, baseada na influência estreita com
os princípios tradicionais chineses, acabando por ser esta a principal razão
que levou ao isolamento do país face ao mundo até 1868. Desde então, e face
sobretudo às alterações vividas nos últimos 250 anos em termos organizacionais,
a política cultural japonesa vem faseadamente rompendo com o seu passado,
construído um processo de nacionalização acelerado com influências europeias e
norte-americanas que permitiram e continuam a permitir a sua abertura ao mundo
ocidental, o que resultou na constituição da 3.ª maior economia mundial do
planeta em termos de PIB nominal (5,5 triliões de dólares) e a 3.ª maior em
poder de compra (4,3 milhões de dólares), estando as suas principais atividades
industriais ligadas atualmente à engenharia automóvel, eletrónica, informática,
siderurgia, metalurgia, construção naval e química e, tecnologias superiores,
consumidas sobretudo pelos mercados norte-americanos, chineses, de Taiwan, da
Coreia do Sul e de Hong-Kong.
No que diz respeito ao modelo japonês, este assemelha-se em
muito ao modelo alemão anterior a 2003, caracterizando-se fundamentalmente pela
sua contraposição ao pragmatismo do modelo anglo-americano, ainda que o modelo
germânico tendesse mais para um certo nível de intelectualismo e o japonês se
caracterize fundamentalmente numa base mais ligada ao «saber fazer», ao
contrário da ênfase dos germânicos no «saber ser» e «saber saber».
Ainda assim, pode-se dizer que estes dois modelos se
assemelham em muito, tendo em comum, sobretudo, um envolvimento profundo do
Estado na criação e manutenção de níveis de competência e conhecimento, e na
ênfase colocada sobre o grupo, em detrimento do indivíduo (António, 2006). Mas
não se pense que as semelhanças entre estes dois modelos se ficam por aqui,
pois ambos estão na origem da maior parte dos relacionamentos que se
estabelecem entre organizações e pessoas, sendo caracterizado por ser do tipo
win-win, no qual as relações procuram expandir o valor ou os recursos disponíveis
pelas partes envolvidas através de processos integrados e cooperativos (Lopes
da Costa, 2010).
Ou seja, os sistemas japonês e alemão anteriores a 2003
conduzem, no fundo, ao que António (2006, p. 134) denomina de «empresas de
ganhos mútuos», em que a participação dos empregados e de outro tipo de agentes
partilham as recompensas do sucesso, com base numa sociedade em rede, que tem
como característica base a promoção de relações sociais entre atores
económicos.
A empresa japonesa é, por isso, caracterizada pelo técnico e
pelo moral, onde o técnico remete para o desenvolvimento de novas tecnologias
de informação, e a atitude mental e poder produtivo se confundem e fundem
naquilo que constitui a atitude do empregado e empregador. A afirmação que
António (2006) utiliza para explicar tal paradigma, «as empresas são as
pessoas», ilustra bem a partilha aqui implícita e a atitude destes parceiros e
da sua relação, que ultrapassa em muito o que nas sociedades ocidentais é
definido em bases contratuais.
A segurança emocional, as ligações de lealdade, as relações
intergrupais e interpessoais são, assim, os fatores críticos de sucesso de uma
sociedade caracterizada pelos laços familiares que se constituem, conferindo às
suas empresas o conceito lato que, independentemente do seu tamanho, se pode
denominar sempre de empresa familiar (ver Figura 3).
Aqui reside uma das principais diferenças entre esta
sociedade e a alemã. Na sociedade alemã, antes de 2003, as sinergias eram
muitas vezes alocadas à complementaridade entre empresas. No Japão, ao invés,
as relações mais importantes são tidas com o banco com o qual estão diretamente
envolvidas, o qual denominam de banco principal (António, 2006), sendo com
estes (instituições bancárias) que trocam todo o tipo de informações relativas
aos seus negócios. Da mesma forma, estes são, na maioria das vezes e em
simultâneo, os seus maiores credores e acionistas, o que lhes permite atuar com
relativa facilidade, em termos da definição das suas políticas de gestão,
através do envio de funcionários seus que atuarão na empresa como diretores,
com o objetivo de resolver determinadas aflições financeiras que,
eventualmente, possam ter surgido (Aoki e Dore, 1994).
Sendo assim, o «banco principal», os grandes acionistas
destas empresas, estão fundamentalmente mais preocupados com a gestão dos seus
negócios do que propriamente com os lucros que possam realizar com as ações de
que são possuidores, o que retrata um mecanismo disciplinado diferente do
modelo germânico e completamente díspar do modelo anglo-americano baseado,
fundamentalmente, em aquisições e procedimentos de bancarrota (António, 2006),
focalizado sobre objetivos financeiros, lucros de curto prazo, tomadas de
decisão claras de cima para baixo e hierarquias horizontais, cadeias de valor
flexíveis e relações de emprego de curta duração (Pudelko, 2009) (ver Tabela).
A partir da Figura 4 podem ser identificadas como forças
motrizes de continuidade e mudança do modelo japonês quatro aspetos-chave: (1)
a aprendizagem a partir das melhores práticas, independentemente de onde estas
possam ter sido criadas; (2) um ambiente de negócios global orientado para o
estatuto, o que segundo Pudelko (2009) é o mais adequado para fazer face a um
ambiente globalizado caracterizado pelo dinamismo e instabilidade e por
processos não-lineares e disruptivos; (3) introdução de mudanças substanciais
na sua estrutura empresarial para fazer face ao lento crescimento e à deflação
enfrentada pelo país durante décadas e (4) aposta numa política de emprego que
privilegia princípios de longa duração e orientação para as pessoas,
comportamentos e estabilidade.
Estas são, assim, as características distintas que
permitiram, em termos estratégicos, que o modelo de gestão japonês possa ser
atualmente considerado como uma referência no mercado asiático, a partir de
diferentes aspetos distintos: (1) através do seu conhecimento prático
(liderança baseada no «saber fazer»; (2) da gestão dialética da sua liderança
(liderança dialética); (3) dos valores partilhados; (4) da criação e acumulação
de conhecimento tácito decorrente da integração vertical da sua gestão; (5) da
promoção do trabalho em equipa; (6) da colaboração; (7) da co-reação e (8) da
própria co-avaliação em que assenta os seus pressupostos, fatores-chave que
serviram de motor para a construção de uma economia altamente competitiva a
nível internacional no ramo das altas tecnologias (Kodama, 2009). Trata-se, em
suma, de uma política que vem confrontar os modelos de gestão ocidentais,
assentes numa aposta focalizada em competências-chave de especialização
horizontal.
Segundo Pudelko (2009), ainda que subsistam inúmeros aspetos
positivos relativamente à forma de conduzir a gestão nas empresas japonesas,
existem também aspetos que podem condicionar a sua eficiência. Neste caso,
quaisquer modificações que se queiram implementar num determinado sistema,
podem acarretar necessidade de serem realizadas também modificações noutras
partes desse mesmo sistema, o que, na prática, pode levar a inconsistências,
atritos e frustrações entre os diferentes membros organizacionais. Face a esta
abordagem, o verdadeiro desafio para o modelo de gestão japonês é o de
conseguir integrar, nos seus conceitos tradicionais, princípios anglo-saxónicos
por forma a atingir estádios de equilíbrio estáveis que permitam reforçar os
seus princípios, o que possibilitará, segundo o autor, estabelecer uma
coerência e consistência dentro do seu próprio modelo, bem como no contexto
económico global.
Os desafios colocados por Pudelko (2009) não significam, de
forma alguma, o fim do estilo japonês de gestão, mas sim que a introdução de
tais diretrizes pode alterar a sua forma atual e possibilitar que as empresas
japonesas possam vir a reemergir em breve, de forma reforçada, devendo por isso
o mundo empresarial ocidental estar preparado para uma competição ainda mais
forte deste gigante da economia mundial.
O MODELO DE GESTÃO CHINÊS
É um fator indesmentível que o crescimento económico da
China tem sido enorme nas últimas décadas e que muitas das preocupações se têm
voltado para este mercado. Na verdade, a existência de mão-de-obra barata e
disciplinada e a prática do dumping comercial e social têm contribuído para
que, cada vez mais, a indústria chinesa se tenha tornado competitiva e
contribua já com 5% para o volume económico global, o que, segundo António
(2008), pode atingir, face a esta evolução, níveis de desenvolvimento que a
projete para patamares ainda maiores e, dada a sua dimensão, possibilite que a
sua parte «este» possa vir a ser, nos próximos 20 anos, concorrente direta das
economias europeia, norte-americana e japonesa, e a «oeste» (menos desenvolvida)
de economias emergentes como a russa, indiana e brasileira.
Mas nem sempre foi assim. Na verdade, a China foi, durante
muitos anos, um país subdesenvolvido que só após um longo período de reformas
se veio a constituir no que é hoje. Como exemplo destas reformas temos o
Movimento das Cem Flores (1956), a abertura económica de 1978, o grande salto
em frente (1958-1960) e a revolução cultural (1966-1976), manifestações estas
que permitiram ao governo chinês reforçar-se no plano económico, político e
cultural, o que lhe permitiu crescer a taxas elevadas, passando em termos
quantitativos o seu PIB de 300 milhões de dólares em 1980, para mais de 1000
milhões de dólares na entrada do novo milénio (António, 2008). No plano
qualitativo, o seu comércio externo passou a ser um dos principais motores da
sua economia, o investimento direto estrangeiro a ser um dos maiores a nível
mundial, a sua economia a ser marcadamente de serviços ao invés de rural e
industrial (que prevaleceu no país durante muitos anos) e, resultado de uma
diminuição clara das empresas estatais, o setor privado a ser o mais produtivo
para a economia – ainda que a maior parte mantenha ainda algum tipo de controlo
estatal (Portal das Empresas, 2010; Li, J., 2008).
Embora o setor público se tenha também desenvolvido, a
verdade é que é nesta fase que o setor privado emerge, nos anos de 1990, como o
novo motor do crescimento económico chinês, com base num modelo de gestão que
pode ser definido, em traços gerais, como uma estrutura que retrata uma
sociedade flexível e informal, inserida fundamentalmente num núcleo de fundo,
onde o coração tem por base uma sociedade harmoniosa e um cariz familiar
profundo (ver Figura 4– Modelo de gestão de Schlevogt (2002) – reproduzindo o
que António (2008, p. 59) consegue descrever de uma forma muito simples como
que a característica base de uma sociedade em que «a família cuida dos seus».
De facto, o que se constata é que a harmonia é a
característica mais enraizada e enfatizada na sociedade e na cultura chinesas
(Steier, 2003), ainda que nem sempre esta harmonia seja livre da existência de
determinados conflitos e tensões, muitas vezes resultado de algumas rivalidades
familiares e diferenças geracionais no que à obediência e autonomia dizem
respeito (Lee e Mjelde-Mossey, 2004; Fukuyama, 1995). Ainda assim, trata-se de
uma sociedade caracteristicamente marcada por laços e valores familiares,
denominados por Hsu (1971), Triandis (1995) e Au e Kwan (2005) como «familism
values», atuando estes como arma de suporte, sacrifícios partilhados, lealdade,
reciprocidade e respeito entre si, com o objetivo de procurar sinergias que
lhes permitam viver, conviver e competir no seu meio ambiente.
Esta forma de estar é, de certa forma, transposta para o
contexto empresarial chinês, no qual a sua rede de empresas é essencialmente
composta por negócios de cariz familiar, sendo a lealdade familiar a tradução
mais marcante do seu tipo de sociedade. Este tipo de gestão familiar representa
o que António (2008, p. 56) denomina de «doutrina confucionista de Jen», que
ensina a amar os outros de uma forma gradual, começando pelo país, depois a
família mais chegada e, por fim, os amigos, formando um círculo concêntrico
constituído pelo núcleo base – pais, filhos, genros, noras, netos, netas e por
três núcleos subsequentes, o primeiro constituído por irmãos, irmãs, sobrinhos,
sobrinhas, o segundo por primos e primas e o terceiro pelos amigos.
Trata-se, no fundo, de uma hierarquia de subordinação com
base no estatuto, liderada normalmente pelos mais velhos. Ainda assim, é
importante que se mencione que ainda que esta hierarquia seja baseada na idade
e no consequente estatuto, a verdade é que, segundo as doutrinas chinesas,
existe sempre a responsabilidade moral de contestação por parte de qualquer
membro da família em termos de opinião, podendo, em muitos casos, ver-se posta
em causa a conduta de um superior, caso esta não esteja a ser a mais correta.
Ainda assim, rebuscando em parte o que António (2008)
denomina de «terceiro núcleo subsequente» relativamente ao que define com
doutrina de gestão familiar chinesa, uma observação importante a reter é que,
muito embora o empreendedorismo na China seja fundamentalmente ligado a laços
familiares, o estudo de Wong et al. (2006) explana que, frequentemente, os
chineses preferem amigos a familiares para começar os seus negócios, o que os
coloca também no centro da constituição da sua rede de empresas, o que, segundo
Au e Kwang (2009), se deve à «horrível» interferência da família e às
consequentes restrições a que ficam muitas vezes sujeitos os seus proprietários
no desenvolvimento dos seus negócios.
Ainda que a sociedade e cultura chinesas sejam normalmente
caracterizadas pelos seus valores familiares característicos, para se descrever
o modelo de gestão das empresas privadas chinesas tem sempre de se evocar
também o modelo de Wenzhou (António, 2008), construído sobre um apertado
movimento discriminatório por parte das autoridades locais que, ao longo dos
anos (fundamentalmente a partir da emersão do setor privado chinês como novo
motor do crescimento económico), lhes tentaram incutir um espírito socialista,
o que não conseguiram, resultando isto num crescimento rápido e persistente das
empresas familiares que o constituíam.
O modelo de Wenzhou (António, 2008) foi então o laboratório
de ensaio de base do crescimento acelerado da China nos últimos anos,
descrevendo as bases locais em que estas pequenas empresas estão acopladas como
concêntricas e onde a lei dificilmente se faz cumprir, acabando sempre por
prevalecer a lei naquilo que convém aos interesses locais e privados, sendo,
por esse motivo, este mesmo modelo conhecido como o modelo das áreas rurais.
Dada a extensão do território chinês, o modelo de Wenzhou é
assim representativo de uma China supersticiosa e menos desenvolvida
economicamente, onde a principal preocupação governamental tem sido atrair o
investimento estrangeiro, o que contrasta com uma China moderna e mais
desenvolvida a «este» com um maior desenvolvimento dos seus recursos humanos e
com um poder central mais forte em termos de regulamentação e controlo.
Ainda que o processo de internacionalização da China e a sua
abertura ao mundo tenham contribuído para o seu crescimento, é importante
frisar, no entanto, que a obtenção de licenciamentos na China não é ainda fácil
de obter, o que faz com que as suas barreiras à entrada sejam de facto enormes
(Portal das Empresas, 2010) para empresas não estatais e estrangeiras, passando
muitas vezes estas entradas a estar condicionadas ao estabelecimento de boas
relações com as autoridades locais, e mesmo assim, a grande maioria destas,
aparecem excluídas dos concursos governamentais, sendo que as que ainda assim
conseguem ultrapassar este constrangimento, ficam quase sempre alocadas a um
tratamento fiscal diferenciado e com enormes dificuldades no acesso ao crédito
bancário (Zhang e Ye, 2010).
No entanto, um aspeto que se apraz verificar, é que a
sociedade empresarial chinesa tem tentado seguir uma estratégia de inovação em
termos de custos e, ao contrário das empresas japonesas, tentam atacar todos os
segmentos de mercado, inovando ao longo de toda a sua cadeia de produção. Da
mesma forma, a capacidade empreendedora e de nãoaversão ao risco no movimento
comercial chinês é intrínseca ao seu ADN, fazendo com que, na maioria das
vezes, consigam com relativa facilidade saltar de um negócio de restauração
para outro que envolve, por exemplo, a venda de eletrodomésticos ou outro tipo
de bens, sendo esta sua flexibilidade um dos principais fatores que está por
detrás do sucesso chinês.
A filosofia chinesa pode ser assim definida por aquilo que é
o slogan da primeira joint venture da província de Shaanxi – o «Farol Belga»,
constituída a partir dos seguintes credos: (1) criar valor para os clientes,
pois são a razão da sua existência; (2) criar bem-estar para os empregados,
pois necessitam de uma razão para a sua existência; (3) criar rendimentos para
os acionistas, pois são eles a base da sua existência e (4) tudo isto sobre o
signo de honestidade e credibilidade, pois a tradução destas duas
características em termos práticos deve ser o melhor que qualquer organização
tem para oferecer. Este slogan reproduz, em parte, aquilo que se pode definir
como a reprodução do modelo de gestão das PME na China e que pode ser mais
detalhadamente visualizado a partir da Figura 5.
Em suma, e tal como enunciado por António (2008), são muitos
os modelos e paradigmas vividos no mundo organizacional chinês, onde as
autoridades locais com a complacência das autoridades centrais experimentam a
iniciativa privada (como no caso do modelo de Wenzhou), onde noutra ordem de
ideias prevalecem mais iniciativas cooperativas (como as potenciadas por outro
tipo de modelos como o de Sunan), outras ainda fomentadas através do
investimento estrangeiro (caso da província de Guagdong), e todas elas
constituindo o que pode ser denominado como um verdadeiro laboratório
estratégico.
No entanto, é preciso salientar que se todos estes modelos e
vivências têm contribuído para o bem-sucedido desenvolvimento chinês e
promovido o seu crescimento económico (a par obviamente do fator critico mais
marcante, os seus preços competitivos – Chen e Zhang, 2002; Ma e Yang, 2010),
tudo isto tem de facto sido cruzado com a total falta de responsabilidade
social das empresas chinesas, assente sobre um direito de base cujos
empresários podem, a seu belo prazer, despedir, encerrar e gerir as suas
organizações como querem e bem entendem, constituindo estes atos verdadeiras
relações de intenções baseadas em «explicações zero» sobre os seus atos ou
atitudes, pois tudo o que fazem não são mais do que verdades irrefutáveis que
nada nem ninguém tem a validade ou viabilidade para contestar ou pôr em causa.
Aliando então uma gestão com base no sangue e lealdade, ao
invés do mérito, e uma completa marginalização dos direitos humanos do povo
chinês na sua generalidade, será sempre de questionar o mérito deste
desenvolvimento. Todavia, teremos sempre de considerar esta economia como
altamente importante no contexto mundial, quanto mais não seja pelo sinal que
está já hoje em dia a ser manifestado, como a dificuldade de competição por
parte das indústrias ocidentais e, mais cedo ou mais tarde, com o agravamento
do desemprego o que, de facto já se está a verificar (António, 2008).
Estas consequências podem vir a ser ainda mais visíveis,
segundo Taylor (2006), durante a década que agora se iniciou, fase em que se
prevê que o investimento chinês no estrangeiro venha mesmo a ultrapassar os
atuais 100 biliões de dólares que colocam agora os EUA no topo do ranking, a
menos que, à medida que o sistema vá amadurecendo, os mercados ocidentais
comecem a fechar-lhes as portas, caso estes não venham a pagar o que devem às
concessionárias de direitos ou não venham a desenvolver o seu próprio sistema
de propriedade intelectual (Portal das Empresas, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como qualquer trabalho em progressão, não existe um modelo
universal único de gestão empresarial, nem tão pouco se deve pensar em termos de
uma estrutura única e eficiente de gestão que todas as empresas ou países devem
imitar. A gestão é e terá sempre de ser analisada como algo sistémico e em
constante evolução, onde as empresas devem ser encorajadas a aprender umas com
as outras, a trocar experiências, pontos de vista e ideias, independentemente
do país ou continente onde estas se encontrem localizadas, pois como em
qualquer estrutura de conhecimento, o segredo estará sempre na adoção das
melhores políticas e práticas em detrimento de outras que não pareçam tão
adequadas do ponto de vista de análise de um dado contexto considerado.
Nesta medida, o conhecimento que se possa absorver a partir
de outras culturas e mercados torna-se fulcral para a construção do mapa global
mental dos nossos gestores no que ao desenvolvimento das suas organizações diz
respeito. Ou seja, quer pela adoção das melhores políticas e modelos que se
percebem que podem encaixar perfeitamente nas suas organizações, quer pela
própria deslocação a que os gestores estão atualmente sujeitos face à economia
e gestão globais, este paradigma exige, mais do que nunca, que se tenha de
perceber o mundo como um todo, que se tenha de pensar a longo prazo e que se
tenha por base uma responsabilização social coletiva relativamente a qualquer
um dos nossos stakeholders, sejam estes fornecedores, acionistas, clientes,
empregados ou quaisquer outros.
Estamos perante um mundo que tem de ser pensado de forma
complexa, sendo que lidar com os fenómenos da inovação, empreendedorismo,
motivação, sinergias de trabalho entre colaboradores, envolvimento dos
clientes, fornecedores e comunidade, constituem aspetos que ficam muito aquém
do que uma sociedade de livre circulação de capitais, bens e pessoas exige.
Hoje, mais do que nunca, esta complexidade exige uma grande capacidade em
integrar os melhores saberes existentes nas organizações a nível planetário.
Todavia, para tal é necessário que se conheça e que se tenha informação sobre a
forma como se faz a gestão e se pensa a estratégia nos quatro cantos do mundo.
Deverá delinear-se uma orientação teórica que possa permitir que se cultivem os
gestores, os académicos e os próprios estudantes e que lhes permita compreender
a forma como lutam e sobrevivem as empresas a nível global, pois se assim não
for, pode correr-se o risco de se ter pessoas a gerir em Portugal que não
conhecem a competitividade que os rodeia, ou seja, a nossa realidade global.
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https://en.wikipedia.org/wiki/Management_system
Management
system
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A
management system is the framework of policies, processes and procedures used
by an organization to ensure that it can fulfill all the tasks required to
achieve its objectives.[1] These objectives will be a mix covering many aspects
of the organization's operations (including financial success, safe operation,
product quality, client relationships, legislative and regulatory conformance,
worker management, etc.). For instance, an environmental management system
enables organizations to improve their environmental performance and an
occupational health and safety management system (OHSMS) enables an
organization to control its occupational health and safety risks, etc.
Many parts
of the management system will be common to a range of objectives, but others may
be specific to an individual objective. However, many organisations will
require their management system to support a range of many different (and
potentially conflicting) objectives.
A
simplification of the main aspects of a management system is the 4-element
"Plan, Do, Check, Act" approach. A complete management system can
include up to 20 (twenty) 'elements', covering every aspect of the management
system and focussed on supporting the performance of the management system to
achieve the objectives. The management system should be able to improve its own
performance by means of continuous improvement.
The
management system elements may include:
01.
Leadership Involvement & Responsibility
02.
Identification & Compliance with Legislation & Industry Standards
03.
Employee Selection, Placement & Competency Assurance
04.
Workforce Involvement
05.
Communication with Stakeholders (others peripherally impacted by operations)
06.
Identification & Assessment of potential failures & other hazards
07. Documentation,
Records & Knowledge Management
08.
Documented Procedures
09. Project
Monitoring, Status and Handover
10.
Management of Interfaces
11.
Standards & Practices
12.
Management of Change & Project Management
13.
Operational Readiness & Start-up
14.
Emergency Preparedness
15.
Inspection & Maintenance of facilities
16.
Management of Critical systems
17. Work
Control, Permit to Work & Task Risk Management
18.
Contractor/Vendor Selection & Management
19.
Incident Reporting & Investigation
20. Audit,
Assurance and Management System review & Intervention
Examples of
management system standards include:
ISO 9000:
standards for quality management systems (QMS)
ISO 14000
standards for environmental management systems
ILO-OSH:
occupational safety & health management systems
ISO/IEC
20000: standards for service management systems (SMS)
FitSM:
standards for lightweight IT service management
ISO/IEC
27000: information security management systems (ISMS)
ISO 55000:
standards for management systems for asset management
SA8000:
social accountability.
IAEA
management system safety standards
Organizational
Project Management Maturity Model (OPM3)
See also
Environmental
management system (EMS)
Lean
Integration
OHSAS 18001
Total
Quality Management (TQM)
Welfare
Management System (WMS)
Quality
Management System (QMS)
Process
Safety Management System (PSMS)
References
"FitSM Part 0: Overview and
vocabulary". Itemo. 2015-04-01. Retrieved 2015-07-24.
Further
reading
International
Organization for Standardization (2001) Guidelines for the justification and
development of management system standards. International Standard ISO Guide
72, Geneva, Switzerland.
International
Organization for Standardization (2004) Environmental Management
Systems-Specifications with Guidance for Use. International Standard ISO 14001,
Geneva, Switzerland.
Commission
for Environmental Cooperation (2000): “Improving Environmental Performance and
Compliance: 10 Elements of Effective Environmental Management Systems.” Report.
British
Standards Institution (1999): Occupational health & safety management
systems - Specification; BS OHSAS 18001:1999. 389 Chiswick High Road, London,
W4 4AL, United Kingdom.
International
Organization for Standardization (2000) Quality Systems - Model for Quality
Assurance in Design, Development, Production, Installation and Servicing.
International Standard ISO 9001:2000(E), Geneva, Switzerland.
United
States Department of Labor, Occupational Health and Safety Administration
(1989); "Safety and Health Program Management Guidelines." Federal
Register, January 26, 1989.
United
States Environmental Protection Agency (2001): “Integrated Environmental
Management Systems: Implementation Guide.” Report written by Abt Associates for
the USEPA’s Office of Pollution Prevention and Toxics, Design for the
Environment Program; Economics, Exposure, and Technology Division. Washington,
DC.
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